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23 de Abril de 2024
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    Basta de intolerância religiosa: pela reestruturação do Ilê Adé Oju Oyá

    Publicado por Justificando
    há 6 anos

    No dia 9 de abril, recebo uma mensagem da querida Cinthia Abreu, mulher, negra, lésbica, periférica e de terreiro: “entraram na nossa roça, levaram nossa comida e nossos objetos sagrados”. Isso me deixou arrasada, pois obviamente se tratava de um crime de intolerância religiosa, racismo, machismo e homofobia. O Ilê Adé Oju Oya é um espaço de resistência localizado na periferia da cidade de São Paulo, em Guaianazes, um espaço que acolhe e ampara a comunidade LGBT, comunidade que é constantemente atacada, morta e silenciada.

    Infelizmente, esse ataque não é exceção, em outubro do ano passado foram registrados, pelo menos, 8 ataques às religiões de matrizes africanas em São Paulo. Em 2015, uma menina de 11 anos foi atacada após deixar o local de culto, sob a ameaça: “Eles gritaram: ‘Sai Satanás, queima! Vocês vão para o inferno’. Mas nós não demos importância. Logo depois, o pedregulho atingiu minha neta e, enquanto fomos socorrê-la, eles fugiram em um ônibus”, contou a avó da menina, Kathia Coelho Maria Eduardo, de 53 anos, conhecida na religião como Vó Kathi.

    Eu gostaria, sinceramente, de abraçar cada pessoa que já sofreu esse tipo de ataque, abraçar e me disponibilizar a ajudar. Dessa maneira, faço o que posso: presto toda solidariedade às mulheres guerreiras do Ilê Adé Oju Oya, à Mãe Cláudia, a todas as Ekedys, Ogans, Yaos e Abiãs da casa e público, também, a vaquinha online para que possamos contribuir com a reconstrução desse lugar:

    [ACESSE A VAKINHA DE REESTRUTURAÇÃO DO ILÊ ADÉ OJU OYÁ E CONTRIBUA]

    A seguir, nota do Ilê Adé Oju Oya enviada à Imprensa:

    Na semana que se iniciou o mês de abril, o ILÊ ASÉ OJU OYA sofreu um ataque em seu barracão. Localizado em Guaianazes-SP, periferia da região leste da cidade, esse é um espaço de resistência e referencia no território.

    Este terreiro é um veículo de acolhimento para a população negra, pobre e LGBT de Guaianazes, bairros aos redores entre outras zonas. Além de ser um espaço de atividades religiosas é também uma estrutura para a articulação de movimentos sociais.

    O terreiro da Yalorixá Cláudia de Oya é constituído majoritariamente por mulheres negras, que acreditam que o racismo seja um dos motivos pelo qual sofreram o ataque.

    Este (ao contrario do que pregam) “não é um país laico” e as religiões de matrizes africanas, desde os primórdios, são perseguidas e sofrem com o racismo religioso.

    A onda crescente do conservadorismo leva o país e principalmente o território periférico a sofrerem com os crimes de ódio. O que reconhecemos como barbárie!

    É importante ressaltar, que os terreiros e suas comunidades são de grande importância na luta e resistência do povo preto e das religiões de matrizes africana.

    “SE TU QUEIMAR MEU ILÊ, NÓS O ERGUEREMOS DE NOVO”

    No dia 10 de abril e 2018, foi feito a denuncia diretamente para o ministério público, pela própria Yalorixá Cláudia de Oya. A resistência segue até que a divida histórica de destruição de quilombos seja paga.

    Este é um chamado para o apoio e reconstrução do sagrado. Se puderem contribuir ou não com a vaquinha do Ilê Asé Oju Oya, ficaremos agradecidas, seja qual for o tipo de apoio, mesmo que esse se faça com apenas uma palavra.

    “TENTARAM NOS MATAR, MAS SOMOS SEMENTES. NASCEREMOS NOVAMENTE E TODAS AS VEZES QUE FOR PRECISO”

    Que Oya abençoe a todos!

    Assinado:

    Cinthia Abreu Dofona ty Ossayn.

    Fernanda Gomes dofona ty Xangô.

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    Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/basta-de-intolerancia-religiosa-pela-reestruturacao-do-ile-ade-oju-oya/569708186

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